
Câncer de pâncreas
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O termo "câncer de pâncreas" geralmente se refere ao adenocarcinoma ductal do pâncreas, que corresponde a 85% das neoplasias pancreáticas. A apresentação clínica mais comum inclui sintomas como dor abdominal, icterícia, perda de peso e náuseas. Além disso, pode estar associado ao surgimento recente de diabetes.
A icterícia, caracterizada pelo amarelamento da pele e dos olhos, ocorre devido à compressão do canal biliar, que passa próximo ao pâncreas. Essa obstrução leva ao acúmulo de bile no organismo, resultando na coloração amarelada.


O diagnóstico histopatológico pode ser desafiador, pois o acesso ao pâncreas para biópsia nem sempre é simples. Muitas vezes, a suspeita é levantada com base nos sintomas clínicos e na realização de exames de imagem contrastados do abdome, como tomografia ou ressonância magnética, que evidenciam a presença de um tumor na região pancreática. Além disso, o marcador tumoral CA 19-9 pode auxiliar na suspeita diagnóstica.
Quando há uma forte suspeita de câncer pancreático, a biópsia pré-operatória pode ser dispensada, permitindo o encaminhamento direto para cirurgia. No entanto, se houver dúvida diagnóstica, um ultrassom endoscópico pode ser realizado para obtenção de material para biópsia.
A indicação da cirurgia depende de uma avaliação criteriosa da tomografia de abdome, que permite analisar a relação do tumor com veias e artérias próximas ao pâncreas. Se essas estruturas estiverem livres de invasão tumoral, a cirurgia pode ser indicada. Caso haja suspeita de comprometimento vascular, a quimioterapia pode ser recomendada previamente para reduzir o tamanho do tumor. Nesse caso, a biópsia por ultrassom endoscópico será necessária para confirmação do diagnóstico, e essa etapa do tratamento será conduzida pelo oncologista clínico.
A icterícia é um sinal que pode estar presente no câncer de pâncreas


A análise criteriosa da tomografia é fundamental para a escolha do melhor tratamento
Existem dois tipos principais de cirurgia para o câncer de pâncreas, dependendo da localização do tumor. Para tumores na cabeça do pâncreas, realiza-se a gastroduodenopancreatectomia (ou cirurgia de Whipple), que envolve a remoção de parte do estômago, duodeno, início do intestino, canal biliar e cabeça do pâncreas. Trata-se de um procedimento de grande porte. Já nos casos de tumores localizados no corpo ou na cauda do pâncreas, a pancreatectomia distal é a técnica indicada, frequentemente associada à esplenectomia (remoção do baço).
Sempre que possível, pacientes com adenocarcinoma de pâncreas devem ser submetidos à quimioterapia. Em alguns casos, como mencionado anteriormente, a quimioterapia é iniciada antes da cirurgia. Nos demais, é administrada no pós-operatório.
É fundamental que todas as etapas do tratamento sejam bem alinhadas entre paciente, cirurgião e oncologista, garantindo a melhor abordagem terapêutica para cada caso.


A cirurgia é um passo importante no tratamento do câncer de pâncreas, e varia de acordo com a localização da lesão
Além do adenocarcinoma, o pâncreas pode ser acometido por tumores neuroendócrinos, que geralmente apresentam um comportamento menos agressivo. Alguns desses tumores produzem hormônios, como insulina (insulinoma) e gastrina (gastrinoma), causando sintomas específicos. Em certos casos, estão associados a síndromes genéticas, como a Neoplasia Endócrina Múltipla.
Os passos para diagnóstico e estadiamento dos tumores neuroendócrinos são semelhantes aos do adenocarcinoma. A cirurgia é indicada principalmente para tumores funcionantes (que produzem hormônios) ou para aqueles com mais de 2 cm de diâmetro. A quimioterapia raramente é necessária nesses casos. Quando o tratamento sistêmico é indicado, geralmente é realizado com análogos de somatostatina, como o octreotida. Cada caso deve ser avaliado individualmente em consulta especializada.